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ODS na Europa: progressos e desafios dos próximos anos

17-10-2023 Leitura 4 Minutos 3

A Europa está mais distante de cumprir a Agenda 2030 em 2023 do que há um ano, segundo o último relatório sobre os progressos dos ODS nesta região. Noutras palavras: o número de metas dos ODS na Europa em vias de se concretizarem diminuiu. De acordo com esta análise, a região apenas alcançará 21 metas em 2030, o que corresponde a cerca de 18% da totalidade. Isto revela uma redução em relação às 26 metas que eram apontadas no ano anterior como estando bem encaminhadas. O relatório revela ainda que o progresso no caso de 79 metas deve ser acelerado – em comparação com as 64 do ano passado – e para 15 metas deve-se reverter a tendência atual.

Contudo, nem tudo são más notícias. Há dados positivos ao nível da sustentabilidade, onde a Europa está a caminho de se tornar a região líder, como revela o relatório do Eurostat “Desenvolvimento sustentável na União Europeia”. No que diz respeito a este aspeto, as instituições europeias destacam que a região é guiada por políticas que promovem uma economia mais verde e inclusiva. Deste modo, os ODS relacionados com o meio ambiente são os que melhores resultados apresentaram durante o último ano.

Progressos dos ODS na Europa

Por essa razão, achamos importante realçar a evolução de alguns dos ODS no contexto europeu:

–  A UE lidera o ODS 8 – Trabalho digno e crescimento económico: é o ODS que regista um maior crescimento. Entre outros indicadores, o relatório do Eurostat destaca que em 2022 a taxa de emprego alcançou um máximo histórico de 74,6% na UE, enquanto o desemprego de longa duração registou o valor mais baixo até aos dias de hoje.

–  Grandes progressos na luta contra a pobreza e a igualdade de género, ODS 1 e 5: destacam-se os avanços ao nível da igualdade salarial, diminuindo cada vez mais a brecha económica entre homens e mulheres. Em relação à pobreza, aumentou a quantidade de pessoas capazes de fazer face às suas necessidades básicas, ainda que o nível de pobreza não tenha sofrido um decréscimo.

–  Preveem-se grandes progressos nos ODS com um foco no meio ambiente: espera-se, em particular, assistir a grandes avanços nos próximos anos nos ODS 13 – Ação Climática e 15 – Proteger a vida terrestre.

Desafios dos ODS na Europa

No entanto, também há alguns ODS que correrem risco de retrocesso:

–  ODS 6 – Água potável e saneamento: um risco que se deve à cada vez pior qualidade da água devido aos poluentes, ao aumento da escassez e à sobreexploração deste recurso, o que pode agravar a situação.

–  ODS 7 – Energias renováveis e acessíveis: o consumo de energia aumentou consideravelmente em 2021, aumentando a produção energética e o recurso a várias fontes de energia, nem sempre as mais sustentáveis

Portugal: género, trabalho e desigualdade

Portugal encontra-se no 18º lugar entre os 163 países analisados no relatório das Nações Unidas, uma posição que o coloca dentro do grupo de países que estão no bom caminho rumo ao cumprimento dos ODS. Na última análise sobre o cumprimento dos ODS no país, conclui-se que a maioria dos indicadores analisados apresentam uma evolução positiva (90), embora também se tenham registado alguns casos em que houve um retrocesso (28) e outros em que não houve alterações (3).

Ao nível dos próprios ODS, à exceção de quatro, todos os outros revelam uma evolução favorável ou estão a caminho de cumprir 50% ou mais dos indicadores. No entanto, há ODS em que se verificaram grandes falhas. Desta forma, neste relatório europeu, reconhece-se que Portugal conseguiu progressos significativos em alguns ODS, como é o caso do ODS 1 – Erradicar a pobreza, do ODS 4 – Educação de qualidade, do ODS 7 – Energias renováveis e acessíveis e do ODS 9 – Indústria, inovação e infraestruturas.

No entanto, são destacados também alguns desafios que o país enfrenta noutros ODS, nomeadamente no ODS 5 – Igualdade de género, no ODS 8 – Trabalho digno e crescimento económico, no ODS 10 – Reduzir as desigualdades e no ODS 15 – Proteger a vida terrestre.

Espanha: o grande desafio do emprego jovem

No caso de Espanha há progresso significativos que colocam o país no 16º lugar, duas posições acima de Portugal. Entre os indicadores associados aos ODS, o país cumpre já 60 destas metas.

Por exemplo, cumpre as metas na totalidade ou apresenta um nível aceitável nos ODS 1 – Erradicar a pobreza, 3 – Saúde de qualidade, 4 – Educação de qualidade, 5 – Igualdade de género,, 7 – Energias renováveis e acessíveis, 11 – Cidades e comunidades sustentáveis, 16 – Paz e justiça e 17 – Parcerias para o desenvolvimento.

Contudo, Espanha não apresenta um bom desempenho nos indicadores de sustentabilidade ambiental e também fica um pouco abaixo da média europeia no ODS 8 – Trabalho digno e crescimento económico, além de também não apresentar grandes progressos no ODS 9 – Indústria, inovação e infraestruturas e no ODS 10 – Reduzir as desigualdades. Além disso, uma comparação com os restantes países da UE permite verificar que o país também fica aquém em ODS como o 11 – Cidades e comunidades sustentáveis e o 6 – Água potável e saneamento.

Um reflexo dos grandes desafios que Espanha tem pela frente, em particular ao nível da produtividade e do trabalho digno. O estudo publicado pela Ajuda em Ação em Espanha sobre a juventude e o emprego no país em 2030 já revelava que o emprego jovem continua a ser muito precário, apresentando uma taxa de duração e de emprego a tempo parcial muito superior ao conjunto da sociedade. Essa precariedade, somada à inflação e ao aumento constante do preço da habitação, dificulta a emancipação jovem em Espanha, que já é 3 anos superior à média do conjunto da UE.