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O que significa ser rapariga em África

21-09-2018 Leitura 4 Minutos 3

Ajuda em Ação

África não é um continente homogéneo e é precisamente esta diversidade que o torna tão especial. Cada um dos 54 países africanos, com etnias, religiões, culturas e contextos socioeconómicos distintos, enfrenta uma série de desafios atuais que devem ser levados a sério.

As mulheres e as raparigas do mundo inteiro lidam todo os dias com discriminações e inúmeros problemas. Um dos mais preocupantes é o das condições de vida das raparigas em África, sendo que muitas delas são privadas de educação, liberdade e, desde pequenas, que lhes é retirada a sua condição humana. Ser mulher em muitos países do mundo é ser praticamente invisível.

A educação das raparigas em África

Imaginemos por um momento como seria a nossa vida se apenas tivéssemos 5 anos de escolarização. Essa é uma realidade em alguns lugares do mundo, como em África, um continente pobre que castiga especialmente as raparigas mais novas. Aquelas que nascem na África Subsariana são as que sofrem mais, embora seja certo que há duas décadas a situação era ainda pior.

Se compararmos os dados atuais, a inscrição de raparigas no que seria o ensino primário aumentou mais de 50 pontos percentuais desde 1970, em comparação com os cerca de 30 pontos percentuais a nível mundial. Os dados são esperançosos, mas ainda há muito trabalho por fazer.

Na África ocidental e central, se uma rapariga não entra na escola primária antes dos 10 anos é provável que nunca o faça. Não é difícil prever que futuro aguarda as adolescentes que nunca tiveram a oportunidade de frequentar a escola. Em adultas, serão incapazes de ler ou escrever uma frase simples e muito menos de decifrar uma receita médica ou ajudar os seus filhos com os trabalhos de casa. Calcula-se que há mais de 25 milhões de jovens analfabetas entre os 15 e os 24 anos na África subsariana.

Casamentos infantis em África

Outra das questões que mais afeta as raparigas africanas é a idade precoce em que são obrigadas a casar. Segundo a ONU, o casamento infantil viola os direitos humanos independentemente de a pessoa envolvida ser um rapaz ou uma rapariga, mas sem dúvida que se trata de uma das formas mais comuns de abuso sexual e exploração de raparigas.

É demasiado comum em África obrigar uma adolescente a abandonar a escola para ajudar com as tarefas domésticas e preparar-se para o matrimónio. Há famílias que inclusivamente decidem casar as raparigas para poderem obter rendimentos e pagar as suas dívidas económicas.

A UNICEF calcula que existam 125 milhões de raparigas africanas que foram obrigadas a casar antes de completarem os 18 anos. Para 2050, a realidade será ainda mais triste: serão mais de 300 milhões de raparigas a casarem-se em África se não forem tomadas medidas para o evitar.

Cada 7 segundos una niña es obligada a casarse.

Mutilação genital feminina nas raparigas africanas

Outra das terríveis situações que as raparigas em África enfrentam diariamente é a mutilação genital feminina. A mutilação genital é uma clara violação dos direitos humanos das mulheres e são as mais novas as que mais sofrem com esta prática desumana que atenta contra os direitos da criança. Esta é uma prática que viola os direitos de saúde, segurança e integridade física, assim como o direito a não ser submetido a torturas ou atos cruéis, desumanos ou degradantes e o direito à vida, nos casos em que este procedimento acaba por conduzir à morte.

O trabalho desempenhado pelas raparigas africanas

As raparigas em África levam a cabo as tarefas domésticas e também trabalhos fora de casa. Na maioria dos locais onde têm acesso a água potável, na África subsariana, uma viagem de ida e volta para recolher água leva, em média, cerca de 33 minutos nas zonas rurais e 25 minutos nas áreas urbanas. A recolha de água frequente pode prejudicar as raparigas e mulheres grávidas ou expor estas raparigas a riscos de violência sexual durante esta atividade.

Raparigas afetadas por doenças como o VIH

As adolescentes e jovens também são particularmente afetadas pelo VIH na África subsariana, sendo que 60% da população que sofre desta doença nessa região são precisamente as mulheres. Sem uma prevenção efetiva contra o VIH, é provável que transmitam o vírus aos seus bebés, prosseguindo assim com o ciclo de transmissão da doença de geração em geração.

Igualdade de género e empoderamento feminino

O objetivo 5 da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável é assegurar a igualdade de género e empoderar todas as mulheres e raparigas. Para isso, propõe-se pôr fim a qualquer forma de discriminação contra todas as mulheres e raparigas em todo o mundo, eliminar todas as formas de violência, incluindo o tráfico e a exploração sexual.

Também se propôs acabar com todas as práticas nocivas para as mulheres e raparigas, como o casamento infantil, precoce e forçado e a mutilação genital feminina. Da mesma forma, procura-se assegurar o acesso universal à saúde sexual e reprodutiva e aos direitos reprodutivos.

Deve-se, portanto, empreender reformas que garantam às mulheres a igualdade de direitos e o acesso aos recursos económicos necessários. Deve-se ainda aprovar e fortalecer políticas sólidas e leis aplicáveis que promovam a igualdade de género e o empoderamento de todas as mulheres e raparigas a todos os níveis.

Na Ajuda em Ação, trabalhamos nos países em África defendendo os direitos das raparigas e das mulheres, apoiando-as para que sejam as protagonistas do seu próprio desenvolvimento. Pode já hoje ajudar a melhorar as condições de vida das raparigas africanas colaborando com os projetos que desenvolvemos na Ajuda em Ação.