Até há bem pouco tempo, os computadores eram utilizados apenas em salas de aula de informática. Se uma criança fosse apanhada a usar o seu telefone ou tablet na aula, era provável que recebesse uma repreensão. As mochilas andavam cheias de cadernos e livros de texto, e foram ficando mais pesadas à medida que se avançava de ano para ano. E, acima de tudo, era impensável assistir a uma aula de História, Português ou Matemática a partir de casa. Aqui estão sete argumentos que mostram como a tecnologia está a transformar a educação.
As novas tecnologias têm vindo gradualmente a ganhar protagonismo na sala de aula. Mas depois veio a COVID-19 e, após o encerramento das escolas na maior parte do mundo, tornaram-se um instrumento indispensável para a educação. Contudo, a pandemia apenas acelerou um processo de transformação digital que as escolas, passo a passo, já vinham adotando há algum tempo.
Esta talvez tenha sido uma das mudanças mais radicais no sistema educativo no último ano. A possibilidade de dar aulas online não só é útil para momentos como o presente, como também permite levar a educação a lugares remotos (A Ajuda em Ação trabalha em muitos deles!).
As novas tecnologias (tais como robótica, programação ou impressão em 3D) permitem aos estudantes aplicar de forma prática o que aprendem em teoria. Além disso, aumentam a criatividade, o raciocínio lógico, a orientação espacial ou a coordenação. Este ensino mais prático, com conteúdo dinâmico e divertido, resulta em motivação nos alunos. Isto torna-o um aliado excecional na luta contra o abandono escolar e o desinteresse educativo.
Elimina as barreiras históricas que os alunos com deficiência visual ou auditiva sempre enfrentaram, pois podem seguir as mesmas metodologias e conteúdos ao mesmo ritmo que o resto da turma.
As novas tecnologias aplicadas ao ensino permitem aos professores acompanhar individualmente o processo de aprendizagem de cada um dos seus alunos. Graças a eles, podem detetar as suas necessidades e traçar um itinerário de formação personalizado. Oferece-lhes mesmo a possibilidade de realizar uma avaliação mais completa não só com base no conhecimento, mas também em aspetos como a participação, a sua atitude em grupos de trabalho ou o progresso durante o ano letivo.
Parece uma coisa do passado, os recados de papel que as crianças entregavam em casa – umas mais felizes do que outras – no final do termo. Hoje em dia, a escrita em papel já não é o único meio de contacto direto entre professores e pais. É agora comum que toda a comunidade educativa utilize plataformas digitais e redes sociais através das quais os pais podem comunicar com a escola ou uns com os outros.
Outro aspeto em que a tecnologia transformou a educação é que ela permite que a aprendizagem seja mais individualizada. O ambiente digital e o acesso a outros materiais de estudo favorecem a autoaprendizagem.
Estima-se que, em 2019, na Europa, havia 900.000 empregos no setor tecnológico que não podiam ser preenchidos devido à falta de pessoal qualificado. Assim, a tecnologia abre uma série de oportunidades de emprego para o futuro das crianças e jovens.
“Grandes poderes trazem grandes responsabilidades”, mencionava uma conhecida banda desenhada. No caso da relação entre a tecnologia e a educação, implica uma série de riscos.
–O desaparecimento das aulas presenciais – O desaparecimento das aulas presenciais. A escola tem um valor insubstituível, uma vez que é um espaço de intercâmbio e desenvolvimento fora do ambiente familiar. Aí, crianças e adolescentes, além de adquirirem conhecimentos, aprendem a coexistir e a relacionar-se com outras crianças e adolescentes.
– A desigualdade digital aprofunda a desigualdade educativa. Para aceder à educação tecnológica, são necessários dispositivos eletrónicos e ligação à internet. Esta é uma despesa que muitas famílias não podem suportar. Por outro lado, as escolas que têm mais recursos económicos são mais propensas a oferecer formação aos professores ou têm equipamento atualizado. Tudo isto aprofunda a desigualdade que existe entre agregados familiares com mais e menos recursos e prejudica as oportunidades futuras das crianças e adolescentes que vivem em situações vulneráveis.
– Confundir o significado da transformação digital. A incorporação de novas tecnologias na sala de aula deve ser acompanhada por uma mudança de modelo e metodologias. Não se trata apenas de substituir os livros escolares por tablets ou o giz e o tradicional quadro de ardósia por quadros negros digitais, mas deve ser apoiado por uma mudança profunda no sistema educativo.
A tecnologia está a transformar a educação, mas, como vimos, é importante que esta mudança não esqueça os estudantes de contextos mais vulneráveis e não represente mais uma dificuldade na realização do ODS-4 (educação de qualidade). Na Ajuda em Ação trabalhamos há vários anos para incorporar tecnologia na educação nos países onde trabalhamos, implementando projetos de inovação educacional como Innovo y Cambio na Nicarágua, o projeto GEN10S, em Portugal e Espanha e o L@bs4Opps, em Espanha.
Artigo original da Ajuda em Ação Espanha AQUI.