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Juventude, a geração mais afetada pelas sucessivas crises mundiais

10-08-2023 Lectura 4 Minutos 3
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Para assinalar o Dia Mundial da Juventude, a Ajuda em Ação destaca o grande impacto que as sucessivas crises têm tido na juventude, a nível mundial. A educação de qualidade e o emprego digno são pilares fundamentais para gerar mais e melhores oportunidades para esta geração.

 

A propósito do Dia Mundial da Juventude, que se celebra no próximo dia 12 de agosto, a Ajuda em Ação quer chamar a atenção sobre a situação crítica que os jovens enfrentam em todo o mundo. Desde a crise económica de 2008 até à atualidade, esta geração foi a mais afetada por todas as crises que ocorreram e viram as suas oportunidades reduzidas e o seu futuro comprometido pelo desemprego e a precariedade laboral.

Mais recentemente, o impacto da pandemia e da guerra na Ucrânia vieram agravar ainda mais essa vulnerabilidade. Muitos e muitas jovens viram-se forçados a abandonar os estudos para encontrarem um emprego precário, enquanto outros tantos foram afetados de forma dramática por conflitos armados e migrações forçadas por situações económicas, climáticas ou de violação dos direitos humanos.

“A juventude é o principal alvo dos confrontos em muitos conflitos. Sobretudo, as jovens mulheres, uma vez que a violência contra elas é cada vez mais utilizada como arma de guerra. Mas são também os jovens quem mais sofre com a repressão em manifestações sociais, nomeadamente em movimentos estudantis, de luta pela igualdade de género ou contra as alterações climáticas”, revela Alberto Casado, responsável pela área de Advocacy da Ajuda em Ação.

Neste contexto, a migração é, muitas vezes, a única saída para estes jovens. Atualmente, representam cerca de 11% do total de migrantes, mas, segundo a nossa experiência no terreno, constituem a maioria das pessoas que iniciam o processo migratório, acabando depois por se tornarem adultos e serem contabilizados como tal. No entanto, durante todo este processo, acabam por enfrentar ainda mais dificuldades do que as que experienciavam inicialmente, como a xenofobia, o racismo, o risco de exclusão nas novas comunidades, o menor nível de escolaridade, menos oportunidades de emprego e a maior possibilidade de cair ou manter-se numa situação de pobreza.

 

Educação de qualidade e emprego digno para garantir a independência dos jovens

Perante tal cenário, é necessário reforçar as políticas mundiais para garantir o acesso a uma educação de qualidade e a um emprego digno e decente para os jovens de todo o mundo. No entanto, há ainda um longo caminho a percorrer para lá chegar. Segundos dados da ONU, cerca de 617 milhões de jovens no mundo inteiro não possuem competências básicas de matemática e um nível mínimo de alfabetização. Além disso, entre 2016 e 2030, a ONU calcula que vão ser necessários 470 milhões de postos de trabalho em todo o mundo para os jovens que vão ingressar pela primeira vez no mercado de trabalho.

Por tudo isto, é necessário que os governos coloquem a juventude no centro das suas políticas, gerando mais e melhores oportunidades para esta geração. “Precisamos de políticas para o futuro dos jovens, mas o mais urgente é criar políticas que deem resposta às suas necessidades presentes e, para isso, o primeiro passo deve ser o poder político dar acesso aos jovens a um papel mais ativo na sociedade. É o momento de falar não só sobre o que se passa com a juventude, mas também de os jovens apresentarem o mundo sob o seu ponto de vista e de serem escutadas as suas opiniões sobre a pobreza, os conflitos, a diversidade, as alterações climáticas e as migrações forçadas”, declara Alberto Casado.

Para alcançar este objetivo, é preciso desenvolver outras medidas como a escuta ativa por parte dos governos, políticas de empoderamento e participação desde a infância, espaços de participação ativa e real e investimento numa educação de qualidade que capacite os jovens com as competências necessárias para uma vida autónoma.

Estes são objetivos-chave para a Ajuda em Ação, que trabalha com projetos de apoio à  infância e à juventude que permitem a crianças e jovens crescer em contextos seguros onde possam criar um projeto de vida e  tornarem-se em protagonistas capazes de transformar as suas comunidades. Para isso, centramo-nos no desenvolvimento das suas competências para a vida e na criação de oportunidades para uma educação de qualidade e para a transição para a sua vida profissional.

É precisamente nestes pilares que assentam alguns dos projetos que a ONG desenvolve em Portugal. Com o programa de empregabilidade jovem que a Ajuda em Ação está a desenvolver em parceria com a Coca-Cola em Portugal, o ‘Bora Jovens, temos conseguido capacitar quase 300 jovens com competências sociais e profissionais essenciais para a construção do seu futuro. Um trabalho que já nos permitiu integrar 100 jovens, entre os 18 e os 25 anos, no mercado de trabalho e que levou outros 27 a voltar a estudar e a apostar na sua formação académica para garantir melhores oportunidades.

Também ao nível da infância, a Ajuda em Ação tem estado a trabalhar com comunidades locais para proporcionar a centenas de alunos o acesso a uma educação de qualidade, que mais tarde lhes garantirá oportunidades e as ferramentas necessárias para terem um papel ativo e transformador na sociedade. É o caso dos projetos A Minha Escola É Cool e Acrescent’Arte, onde promovemos oficinas de probótica e escrita criativa, workshops de mindfulness, a dinamização de rádios escolares e o gosto pela arte.

Acreditamos que com estas iniciativas estamos a ajudar a formar os jovens e adultos de amanhã e a concretizar a mudança que procuramos, transformando a vida e o futuro das pessoas e comunidades que apoiamos. Queremos criar oportunidades reais e concretas para que se tornem os verdadeiros protagonistas das suas vidas, do seu futuro.