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Como é que a Covid-19 afeta a infância?

19-06-2020 Leitura 4 Minutos 3

Ajuda em Ação

Insónias, birras, pesadelos, medo…é assim que a Covid-19 afeta a infância. Estas são algumas das reações que estamos a observar nos nossos filhos e filhas depois de meses de confinamento devido à pandemia do coronavírus.

Em pouco tempo, as crianças tiveram de se adaptar a situações para as quais nem sequer os adultos estão preparados. Explicar-lhes que não podiam sair de casa, foi complicado. Agora que podemos, o essencial é que compreendam em que condições o podem fazer.

A verdade é que a pandemia provocada pelo coronavírus virou a nossa vida do avesso. Para nós adultos está a ser difícil lidar com a situação, mas seguimos em frente. Temos as ferramentas necessárias para gerir as emoções provocadas por todas as mudanças que estamos a enfrentar. Mas, como podem os mais pequenos fazê-lo também? Hoje vamos explicar-lhe como a Covid-19 afeta a infância e dar-lhe alguns conselhos sobre como lidar com a crise que esta pandemia criou nas nossas vidas e instalou nos nossos lares. 

Os efeitos da Covid-19 na infância

Compreender como a Covid-19 afeta a infância é o primeiro passo para poder ajudar os mais novos a gerir as emoções desencadeadas pelas mudanças drásticas que estão a acontecer.

A crise sanitária teve – e tem ainda – impacto em três pilares fundamentais da vida e do pleno desenvolvimento das crianças:

-Educação: o encerramento temporário das escolas agrava a exclusão digital e empobrece;
-Alimentação: muitas escolas garantiam a alimentação saudável de milhares de crianças;
-Saúde emocional: alterar-lhes a rotina e expô-las a situações de stress que não sabem gerir, torna-as mais vulneráveis.

Não ter de ir à escola e ficar por casa prometia ser uma “aventura” divertida, mas durou pouco. A mudança na rotina e nas relações sociais dos mais novos, a tensão dos adultos preocupados com a doença, com a situação económica e laboral e o “malabarismo” de transformar a casa em escola e escritório à vez, teve um verdadeiro impacto na saúde das crianças. Embora confinados e protegidos dos sintomas e da infeção pela doença, não nos podemos esquecer que o stress e a ansiedade a que estão expostos podem provocar sérios problemas na saúde. Esta situação complica-se nos lares com poucos recursos e em contextos monoparentais, e mais ainda em países em desenvolvimento onde a situação de pobreza generalizada é extrema.

Conselhos para ajudar os seus filhos a lidar com a pandemia

Ao longo do seu desenvolvimento, as crianças vão adquirindo conhecimentos, aptidões e reunindo experiências que as ajudam a desenvolver emocionalmente. Quando expostos a situações de stress são mais afetados do que aos adultos porque ainda não adquiriram as competências necessárias para gerir as suas emoções. O que explica o surgimento de medos, birras, insónias e pesadelos, entre outras formas de resposta ao stress. Numa situação como esta devemos, mais do que nunca, estar ao seu lado porque isso suavizará os efeitos da Covid-19 na sua infância. Tal como disse o secretário-geral da ONU António Guterres, se não protegermos a infância os efeitos serão devastadores

Para que o consigam fazer da melhor forma, eis alguns conselhos simples para incorporar no dia a dia quer em casa, quer nas saídas à rua com os mais pequenos:

Em casa: 

-1. Fale com eles sobre o que se está a passar, não há necessidade de ocultar informação. Explique a situação adequando o discurso à idade, mas responda a todas as dúvidas que possam surgir.
-2. Estruture rotinas diárias: saber o que têm de fazer confere uma sensação de conforto.
-3. Proponha atividades apropriadas à sua idade e envolva-se nelas, sendo que isso também o ajudará a abstrair-se.
-4. Este é o momento certo para potenciar o contacto físico, para o qual não teria tanto tempo no dia a dia ou em condições normais. Os mais pequenos podem não ter contacto físico com amigos ou outros familiares, mas podem tê-lo consigo. Demonstre o seu carinho com abraços e beijinhos.
-5. Aproveite alguns minutos para descontraírem todos juntos. Vai fazer-vos bem. E se for antes da hora de dormir, melhor.
-6. Incentive a demonstração de sentimentos ou pensamentos através de desenhos ou da escrita. Isso pode ajudá-lo a compreender melhor o que se está a passar com o seu mais pequeno.
-7. A dieta também é um aspeto fundamental a ter em conta, especialmente nesta altura em que a quantidade de exercício físico reduziu consideravelmente.

Na Rua:

-1. Antes de sair de casa recorde aos mais pequenos que o mais importante é lavar as mãos e manter a distância de segurança das outras pessoas. Para facilitar, pode começar em casa, e em jeito de brincadeira, a praticar alguma rotina que incite à distância de segurança.
-2. Pratique a utilização da máscara logo em casa para evitar usos incorretos e habituá-los ao facto de que uma vez posta, não lhe devem mexer mais.
-3. As crianças não têm noção do tempo nem da distância. Explique, por isso, o percurso que vai fazer durante uma saída de casa e o que vão ver. Isso transmite uma sensação de segurança.
-4. E sobretudo não se martirize. Não tente ser a super mãe ou o super pai: eles precisam de si tal qual como é.

Como a Ajuda em Ação trabalha com a infância perante a Covid-19

Na Ajuda em Ação trabalhamos desde os centros educativos para disponibilizar cartões recarregáveis que garantam a alimentação e as necessidades básicas das crianças e das suas famílias. Disponibilizamos internet e dispositivos para garantir que podem continuar a estudar a partir de casa. Perante a Covid-19, #SomosAjuda.