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Aulas virtuais onde não há internet?

16-04-2020 Leitura 3 Minutos 3

Ajuda em Ação

Algo tão simples como lavar as mãos para evitar o contágio do coronavírus, ou ficar em casa para assistir às aulas virtuais, não é possível na grande maioria dos territórios da Colômbia: as zonas rurais estão longe de ter as possibilidades das cidades e nestes tempos é quando mais devemos olhar para as comunidades que mais necessitam da nossa ajuda.

O mundo parece viver um filme de terror. Por um lado, vários governantes da Colômbia anunciam hora de recolhimento, o dólar continua a subir sem parar, e Bogotá já vive há vários dias sem que ninguém possa sair à rua, como forma de impedir o aumento de casos de coronavírus. E vemos imagens nas redes sociais e notícias de pessoas que esvaziam supermercados que parecem estar à beira do colapso. Empresas, escritórios, escolas e universidades optaram pelo teletrabalho e aulas virtuais.

E o que acontece quando uma criança não tem acesso à internet nem a um professor de lhe dê aulas? O que acontece quando uma criança recebe a sua única refeição na escola? Suspender as aulas, como está a acontecer nas zonas rurais da Colômbia, foi uma péssima notícia para milhares de meninas e meninos. Assim como há pessoas a fazer feiras e mercados para enfrentar a quarentena, a maioria não pode pagar por isso. Nestes tempos de coronavírus, vale a pena lembrar quão diferente a nossa realidade pode ser de tantas outras. É hora de espalhar a solidariedade a outras comunidades que não têm serviços básicos, muito menos acesso ao Wi-Fi para aprender. Na Ajuda em Ação, estamos a fortalecer a educação em seis distritos de El Salado (Colômbia), uma povoação que sofreu um dos piores massacres da história, em Montes de María, e queremos partilhar consigo o que fazemos nestes territórios em que as crianças caminham várias horas para chegar à escola, para um lanche e uma aula. Esta pandemia convida-nos a refletir sobre o que fazemos e o que não fazemos e, como vemos nestes meses, acima de questões económicas ou políticas, a única coisa que realmente importa é a vida. Nesta localidade intervimos em 6 centros educativos, que são:

– IETA – El Salado, Sede Espiritano: neste centro há cerca de 15 estudantes, alguns dos quais vêm da vila de El Respaldo. Essas duas comunidades estão longe da estrada que vai de El Carmen de Bolívar (a principal povoação da região) até à cidade de El Salado e não têm eletricidade, o sinal dos telemóveis é difícil e as vias de acesso estão em más condições. Através da Fundação Ajuda em Ação, um sistema de armazenamento de água foi construído na escola, mas devido à longa estação de seca, atualmente está seco.

– IETA – El Salado Sede Emperatriz: cerca de 45 estudantes estudam aqui, alguns dos quais vêm diariamente de uma zona chamada Danúbio. Estas duas zonas  têm eletricidade e ficam na estrada que vai de El Carmen de Bolívar a El Salado. Muitos dos estudantes que vão de suas casas para a escola precisam de percorrer longos caminhos a pé, expondo-se ao sol e à lama, na estação das chuvas. Este local está em péssimas condições, pois as chuvas no ano passado enfraqueceram a estrutura.

– IETA – El Salado Sede Bálsamo: no total, 34 alunos, vários de Cascajo, uma vila vizinha. A zona de Bálsamo fica junto à estrada, mas Cascajo encontra-se no campo e a estrada não tem as condições  ideais para viajar. Bálsamo possui eletricidade e, onde fica a sede da escola, foi construído um sistema de armazenamento de água que ainda possui uma reserva e é onde a maioria dos meninos e meninas bebe água.

– Sede da Villa Amalia em El Salado: cerca de 18 alunos. A vila fica junto à estrada, sem eletricidade, o sinal para telemóveis é fraco. Oito sistemas de armazenamento de água foram construídos em algumas das casas.

– Sede da ELTA – El Salado Santa Clara: 12 alunos. A vila fica junto à estrada que liga El Salado a Sucre e é uma estrada descoberta, sem eletricidade. Na sede educacional, foi construído um sistema de armazenamento de água, atualmente utilizado por meninos e meninas. O sinal de serviços móveis e acesso à Internet não é bom.

– IETA – El Salado Sede Pativaca: 18 alunos. Esta zona fica um pouco mais longe de Santa Clara, não possui eletricidade, mas possui um aqueduto lateral que fornece água à comunidade.

Para a Ajuda em Ação, é essencial promover uma educação de qualidade, inclusiva e equitativa, combater o abandono escolar precoce e a transmissão intergeracional da pobreza. Junte-se a nós e saiba como pode ajudar aqui!