Com mais de 102 milhões de habitantes, a Etiópia é o segundo país mais populoso de África, sendo apenas superado pela Nigéria. Também é um dos mais pobres, não só do continente africano, mas também do mundo. Conheça a nossa receita contra a fome e as alterações climáticas na Etiópia.

A ameaça das alterações climáticas na Etiópia


Bastam três números para ilustrar a grave situação alimentar que este país do Corno de África enfrenta:

  • 1/3 da população vive em situação de pobreza.

  • 33 milhões de pessoas sofrem de insegurança alimentar.

  • 7,7 milhões de crianças com menos de 5 anos sofrem de desnutrição aguda.


Como é que a Etiópia chegou a este cenário? Uma das principais ameaças para este país são as alterações climáticas. A escassez de água está a pôr em causa a vida de mais de 10,2 milhões de pessoas, especialmente após o duro golpe do fenómeno meteorológico El Niño em 2016.

A seca não afeta o país de igual forma. Em função da altitude, existem as terras altas – denominadas highlands – e as terras baixas – lowlands. As mais afetadas acabam por ser as lowlands, onde o clima é mais árido. Nestes locais, a população é nómada e desloca-se durante os períodos de seca em busca de água e de pastagens para o gado. O problema é que, devido às alterações climáticas, estes períodos são cada vez mais longos. Como consequência, a água e os alimentos já não são suficientes nem para os proprietários nem para o gado, que frequentemente acaba por adoecer e morrer.

A nossa receita contra a fome


A Ajuda em Ação trabalha desde há 23 anos neste país africano. Cada vez mais, a luta contra a fome e as alterações climáticas centra os nossos esforços no terreno. Para melhorar a segurança alimentar e as condições de vida das famílias mais vulneráveis da região de Oromía, uma das mais pobres, acabámos de assinar um novo acordo cofinanciado pela Agência Espanhola de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento (AECID). Com ele, podemos dar continuidade a um projeto que terminou no verão passado e que melhorou a vida de mais de 20 mil pessoas.

Neste projeto, e durante quatro anos, trabalharemos nos distritos de Arsi-Robe, Tena e Amigna para dar resposta a três desafios:

  • A insegurança alimentar

  • Os elevados valores do desemprego jovem

  • A migração, tanto interna como externa, em busca de oportunidades


Para isso vamos contar com a colaboração de duas organizações locais: SOS Sahel e Women In Self-Employment (WISE).

Moringa e igualdade, dois ingredientes fundamentais


Moringa EtiopíaApesar do potencial agroambiental do país, a seca destrói os solos etíopes e, com eles, as esperanças de muitas famílias cuja vida depende, literalmente, do campo. A agricultura sustentável adaptada ao clima é fundamental para reverter esta situação. Uma das culturas mais bem-sucedidas do projeto está a ser a moringa. Também chamada “árvore milagre”, não só possui numerosas propriedades medicinais e nutricionais, como também é resistente à seca, pelo que pode ser vista como uma alternativa alimentar segura quando as outras produções falham. “Antes de a Ajuda em Ação chegar não conhecíamos a moringa, nem os seus benefícios”, conta Mukter Shiek, uma das pessoas apoiadas pela Ajuda em Ação. “Aprendemos a cultivá-la, a cozinhá-la e a comercializá-la. Com o que ganhamos com a sua venda podemos garantir a educação dos nossos filhos”, acrescenta.

Outro elemento fundamental para o sucesso deste projeto é o foco na questão do género. O objetivo é alcançar uma igualdade real através do empoderamento económico das mulheres, da igualdade de acesso à educação e às terras e da diminuição da violência machista.

Tirunesh Etiopía

Tirunesh Aschalew tem 27 anos, 2 filhos e conta-nos acerca da sua participação numa das cooperativas agrícolas promovidas pela Ajuda em Ação em Seru. Antes, recorda, ficava sozinha em casa a desempenhar as suas tarefas domésticas. Até a informarmos do projeto e convencermos várias mulheres como ela da importância de serem parte ativa das cooperativas da região. Então tudo mudou: “no princípio, pensava que era inferior aos homens, mas agora sei que posso e quero alcançar posições de liderança […] e conseguimos realizar algumas mudanças. Por exemplo, em relação à gestão da casa, antes os homens dominavam tudo, mas agora, graças à educação e à formação que recebemos, já temos igualdade de género”, explica com orgulho.



¡Emergencia! Hay 70 millones de personas desplazadas de forma forzosa en el mundo a causa de sequías, desastres, hambre...