Alguma vez ouviu falar de “cash for work”? Vamos explicar-lhe os pontos essenciais para compreender em que consiste esta forma de intervenção perante crises humanitárias baseada em “dinheiro por trabalho”.


O que é o “cash for work”?


Os projetos “cash for work” - ou “dinheiro por trabalho” - são aqueles em que a população beneficiária recebe ajuda económica em troco de trabalho realizado para utilidade pública. Dentro do “cash for work” estão incluídas tarefas como a construção de escolas, reconstrução de poços, plantação de culturas, manutenção ou reconstrução de trilhos/estradas, reabilitação de abrigos ou instalação de sistemas de irrigação.


Estes projetos de emprego têm dois objetivos:


-Prestar apoio a pessoas em situação de vulnerabilidade através de empregos que lhes permitam satisfazer necessidades básicas como, por exemplo, a compra de alimentos;
-Construir ou reabilitar infraestruturas ou ativos públicos essenciais para garantir uma vida digna em comunidade.


Existem várias modalidades de projetos “cash for work”. Se nos centrarmos no tipo de emprego que oferecem, podemos encontrar:


- Emprego de emergência: para responder à falta de rendimentos perante uma crise.
- Sazonal: para complementar rendimentos numa altura do ano em que haja atividade, por exemplo, antes de uma colheita.
- Emprego a longo prazo: tem como objetivo dar origem a empregos estáveis para pessoas em situação de desemprego ou subemprego de longa duração.
- Permanente: o seu objetivo é criar ou fazer a manutenção de infraestruturas essenciais como estradas ou sistemas de irrigação.


Em que contextos encontramos o “cash for work”?


Esta metodologia procura ajudar pessoas que estão a passar por crises humanitárias causadas por uma emergência. Falamos de um conflito armado, um terramoto ou seca forte, entre outros contextos.
Graças a este tipo de projetos pode reduzir-se significativamente a vulnerabilidade da população em várias etapas de uma crise:


- Emergência: Aqui é possível atuar se os trabalhos foram pensados com antecedência.
- Mitigação: para minimizar o impacto do desastre
- Reabilitação: perante uma crise, torna-se mais premente que nunca estar ao lado das comunidades . É nesta fase que se levam a cabo tarefas de reconstrução para assegurar que continuam em funcionamento os serviços essenciais de uma sociedade (sistemas de saúde e educação, infraestruturas, transportes…)


Como pode ver, o “cash for work”, é um instrumento que permite atuar antes, durante e depois de uma crise. Isto quer dizer que combina tanto ações de emergência como ações de cooperação para o desenvolvimento.


O nosso exemplo de “cash for work” na Etiópia


A Etiópia é um dos países mais castigado pelas alterações climáticas. Devido aos seus efeitos, de que são exemplo as fortes secas ou pragas de gafanhotos, atualmente 16,5 milhões de pessoas precisam de ajuda humanitária nesse país, segundo o Escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA).


A metodologia “cash for work” é um dos instrumentos com os quais fazemos frente a esta crise humanitária em Borena, situada na região de Oromia. Através de um projeto recente desenvolvido com o apoio da Agência Espanhola para a Cooperação ao Desenvolvimento (AECID), ajudamos 2.755 famílias com a modalidade “dinheiro por trabalho” e transferências diretas de dinheiro.


Esta ajuda permitiu que as famílias de Borena conseguissem comprar alimentos básicos como milho, sorgo, sal ou azeite, assim como bens para cuidar, por exemplo, do seu gado. O nosso foco é sempre em quem enfrenta a vulnerabilidade extrema: pessoas de idade, mulheres grávidas, mães lactantes, mulheres que sejam cabeça de família e pessoas com doenças crónicas.


Uma das principais atividades realizadas através do método “cash for work” tem sido a escavação de lagoas e poços para que as famílias pudessem ter acesso à água potável. Também têm servido para que o gado tenha os seus próprios espaços diferenciados para beber água, o que evita um grande número de doenças. Além disso, também foram incluídas neste método tarefas de criação de pastagem e conservação do solo.


É importante destacar que todo o projeto (identificação de beneficiários, a definição de quais são as tarefas de “interesse público”, como e quando se realizam os pagamentos, etc.) é desenvolvido em coordenação com as autoridades, os bancos e as próprias comunidades.


Se achou estas ideias-chave sobre o “cash for work” interessantes e quer saber mais sobre o trabalho da Ajuda em Ação contra a pobreza e a desigualdade na Etiópia, fique atento ao nosso blog!