Embora o coronavírus seja um desafio global, nem todos os locais do mundo têm as mesmas ferramentas para lidar com a pandemia. Hoje, viajamos até ao continente africano para contar como a pandemia da COVID-19 está a ser vivida em Moçambique, um dos países menos desenvolvidos do mundo.
Alerta sanitário em Moçambique
Enquanto ainda estava a recuperar do impacto causado pelos ciclones Kenneth e Idai em 2019, Moçambique acrescentou um novo desafio à lista de problemas que dificultam o seu desenvolvimento, em abril passado: o coronavírus.
O país africano declarou estado de emergência para impedir a propagação de um vírus que já causou mais de 580 infeções e três mortes. O maior número de casos ocorre na província de Cabo Delgado, no norte do país, onde a Ajuda em Ação trabalha desde 1997.
O governo de Moçambique estendeu o estado de emergência até 29 de junho. Como consequência, permanecem as medidas adotadas para impedir a disseminação, incluindo o fecho das escolas e espaços de lazer, o cancelamento de eventos com mais de 10 pessoas, a não emissão de vistos de entrada no país e o uso de máscaras em transportes públicos e locais com aglomerados de pessoas.
Na cauda do desenvolvimento
Segundo o Índice de Desenvolvimento Humano, produzido anualmente pelas Nações Unidas, Moçambique é um dos dez países menos desenvolvidos do mundo. Estima-se que mais de 60% da população viva abaixo do limiar da pobreza e a esperança média de vida não exceda os 56 anos.A maioria dos seus habitantes está ligada à agricultura de subsistência e vive em comunidades rurais. Na Ajuda em Ação, focamos os nossos projetos no apoio ao desenvolvimento destas zonas rurais, pois é lá que as famílias geralmente têm menos acesso a serviços sociais básicos, como à água potável, à saúde ou à educação.
Perante a COVID-19, #SomosAjuda
A maior parte do nosso trabalho concentra-se em Cabo Delgado, uma das províncias mais afetadas pela pobreza e desigualdade. Muitas pessoas perderam as suas casas e plantações devido ao ciclone Kenneth, lutando todos os dias para reconstruir as suas vidas. Como pode imaginar, não é uma tarefa fácil. Além da falta de oportunidades de obterem rendimentos, há uma crescente insegurança causada pelos ataques terroristas que estão a aumentar no norte do país.
As nossas equipas no terreno trabalham incansavelmente para ajudar a população a exercer os seus direitos. Assim, à resposta de emergência do Kenneth, acrescentámos a resposta à COVID-19 que, embora ainda não tenha registado muitos casos em África, pode causar um impacto sem precedentes, se este número disparar.
Prevenção e apoio a um sistema de saúde debilitado
A emergência de saúde causada pela COVID-19 em Moçambique revelou as múltiplas lacunas existentes no país. Para ajudar a reduzi-las, demos prioridade a duas áreas: a prevenção e o apoio ao sistema de saúde.
- Prevenção: sensibilizámos a população sobre as boas práticas de higiene para prevenir o vírus. Distribuímos brochuras informativas, mensagens nas rádios locais e através de carros com megafones embutidos... Visitámos ainda as comunidades para que toda esta informação ajude a salvar vidas. Além disso, estamos a instalar pontos de lavagem das mãos em áreas mais movimentadas, porque a água, um bem escasso para muitas famílias, é o melhor aliado contra o vírus.
- Apoio ao sistema de saúde: como em muitos outros países africanos, em Moçambique um sistema de saúde universal está longe de ser uma realidade. A falta de técnicos de saúde, a escassez de meios e centros de saúde ou a luta contra o HIV e a malária são apenas algumas das frentes abertas no frágil sistema de saúde moçambicano. Para apoiar a resposta à COVID-19, estamos a contribuir para a formação dos técnicos de saúde para melhorar a sua resposta à emergência, bem como para equipar unidades de saúde em áreas rurais.
O alerta de saúde da COVID-19 mostra que o trabalho coordenado, a solidariedade e a defesa dos direitos humanos são mais necessários do que nunca. Por esse motivo, como é dito em Moçambique, perante a COVID-19... estamos juntos!